domingo, 2 de dezembro de 2007

Alto Falante (8ª edição)


Quem não se comunica, se trumbica!

Goiana é uma cidade que tem uma forte ligação com a história da comunicação. Por isso mesmo, um lugar acostumado à informação e à rapidez com que ela é propagada, seja pelos jornais que por aqui circulam ou pelas rádios locais - os mais rápidos meios de informação e os que têm o maior alcance, além de possuírem uma programação de 24 horas no ar. Então, não é desprezível o poder que essas ferramentas possuem no papel de formar opinião, confrontar idéias, trazer entretenimento e interação efetiva com a comunidade. E neste último quesito as rádios locais o fazem muito bem.
Diariamente programas ao vivo flagram e denunciam as mazelas que acometem nossa cidade, permitindo ao cidadão o direito de expressar as suas opiniões e questionamentos sobre os mais variados temas. Se quisermos propagar idéias e inaugurarmos um novo tempo para a cultura, a educação e a cidadania do nosso povo, estamos muito bem equipados com três rádios e dois jornais impressos.
Contudo, as emissoras locais, apesar de terem uma identificação popular, ainda não investem na produção cultural goianense. Se na sua grade de programação fosse inserida com ênfase a cultura local, sem a pressa de uma resposta rápida dos seus ouvintes, gradativamente criaríamos um mercado que valorizaria a nossa cultura. Ora, o povo para se entender cidadão consciente de seu papel, precisa também assimilar sua identidade e isso se faz valorizando a produção desenvolvida no município. Pois só assim o que é aldeia passa a ter um caráter universal; a estética que se tem aqui não se tem em nenhum outro lugar, isso é uma particularidade e um diferencial.
Embora algumas iniciativas genuínas tenham ocorrido, por razões comerciais naufragaram. Foi o caso do programa vinculado à Rádio Comunitária Boas Novas FM, intitulado Balacubaco que visava trazer para os ouvintes a música de Goiana e de Pernambuco. Mas, infelizmente teve uma vida curta. As emissoras comerciais também divulgam alguns artistas da cena local, porém, estes são esmagados pelo apelo comercial dos artistas da moda, que representam o interesse de poderosas gravadoras e esquemas do show bussines.
Temos a consciência de que uma rádio possui sua necessidade de patrocínio comercial, para continuar em atividade. Porém, é possível a construção de um equilíbrio baseado no caminho do meio. Ou, talvez, tenhamos que buscar inspiração no movimento deflagrado na Europa, durante a década de setenta, chamado de “Rádios Livres”, que não tinham fins comerciais, nem lucrativos e visavam difundir a liberdade de expressão e a cultura. Este movimento deu origem às rádios comunitárias de hoje.

Luiz Duarte

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabens, Duarte! Me pareceu que eu lhe ouvia falando... você está retratando a situaçao com seu coração, como sempre sua vóz explanou! Muitas vezes tocamos nessa questão e você sempre em defesa da cultura nordestina, goianense e das raízes!

Sinto como uma paixão sua... Sim, de fato é mais que uma paixão, é um ideal. Por isso lhe digo, de toda alma, lute! Amigo! Lute por seus ideais e deixe ser sempre assim: que sua vóz seja a mesma do povo!

Só quando se fala com o coração e com identidade verdadeira do mesmo pó de que todos viemos, é que se é "ouvido" como eu lhe ouvi! Chamo isto de sintonia com a alma da coletividade. E a cultura de um povo é a alma desse povo, por tanto temos mesmo que dignificá-la! Não ao banal! Sim ao que é realmente produçao cultural legitima! Espaço são conquistados, espaços estão sendo construídos!E você faz parte dessa construçao... e para terminar, ele, nosso eterno ídolo:

CONSTRUÇAO - CHICO BUARQUE

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acbou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

Anônimo disse...

Rádios alternativas sim, hoje qualquer um pode montar uma rádio on-line e tocar as música que quiser, mas e o seu alcance? É válido que os artistas queiram divulgar suas músicas, então quanto mais longe melhor mas, como fica esta música como informação pra a própria cidade?
Para o vizinho ao lado de nossas casas? Acho que as rádio comunitárias de goiana deveriam abrir mais para a produção local, e os interessados por música de “qualidade” deveriam cobrar das rádio, já que a rádio toca o que pedem ou deveria funcionar um pouco deste modo. Acredito também que a nossa cidade possui um potencial para as artes, e acredito também no público desta cidade que mesmo escutando calcinhas-pretas em geral, vão para as igrejas escutar Villa Lobos e aplaudir de pé.

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