terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Patrimônio Histórico: descaso e preservação

(Matéria da editoria Cidades, publicada na 5ª Edição de A Cidade)

Falar sobre o valor do patrimônio histórico de Goiana chega a causar estranheza para muitos cidadãos que desconhecem consideravelmente a grandeza desse município de 437 anos. O abandono das construções centenárias por parte dos proprietários e poder público chega a ser um crime com as gerações vindouras, além de uma clara demonstração da ignorância reinante quando o assunto é a conscientização do dever que temos em preservar a nossa história.

Mais do que as Igrejas coloniais, que são registros de uma época em que Goiana despontava como a segunda economia do Estado de Pernambuco, os casarões, os monumentos e os cerca de 50 engenhos que o município já possuiu, fazem parte do patrimônio histórico material que, ano a ano, vem se perdendo através do descaso dos responsáveis e do desgaste que o tempo os impõe.

Um clássico exemplo do abandono que o patrimônio histórico goianense sofre, é o Cruzeiro da Praça do Carmo. Símbolo da arte sacra em todo o continente americano, o monumento atualmente se encontra parcialmente depredado e sem os devidos cuidados restaurativos que lhe propiciaria uma maior longevidade.

A diretora de Cultura de Goiana, Maria da Penha Peixoto, entende que a Prefeitura não possui os recursos necessários para se fazer um trabalho de preservação que englobe todas as necessidades do município. Para ela o Iphan - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, teria que fornecer uma maior variedade de formas e meios para que seja feito um projeto de restauração em parceria com o Poder Público. “O Iphan nos cobra inúmeras coisas. Está na hora dele nos ajudar também. O que está ao nosso alcance, está sendo realizado. Como é o caso da pintura da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em conjunto com o Centro Vocacional Tecnológico, o CVT. Isto, além da viabilização do projeto Primavera dos Museus, são exemplos do nosso compromisso”, disse Maria da Penha.

Mas, nem todas as notícias são negativas. Na contramão do descaso e da falta de consciência, já é possível notar em algumas ruas da cidade exemplos de restauração de alguns casarões com dinheiro privado. Pois, a responsabilidade da preservação da nossa história não é só dever do Estado. Alguns proprietários de construções centenárias já entendem desta forma e, assim, conservam a memória de Goiana e embelezam o município. Está aí um exemplo que muitos donos de propriedades históricas poderiam seguir.

Um dos expoentes na restauração do patrimônio histórico goianense, Eleonor Rabelo, proprietária do Engenho Uruaé, entende que o exemplo de preservação dado por ela ainda é muito discriminado, “o povo acredita que somos retrógrados, ligados somente ao passado. O problema é que as pessoas ainda não compreenderam que se você não possui uma história, você simplesmente não existe”, explicou Eleonor.

Uma boa notícia é a restauração do Casarão Adelmar Tavares, localizado na Rua Poço do Rei. Segundo a diretora de Turismo do município, Camilla Guimarães o local será restaurado para servir como um Centro de Informações Turísticas.

Apesar de não ter data prevista para o início das obras, a verba já foi disponibilizada através do Ministério do Turismo. A Prefeitura entraria com uma contrapartida no valor de R$ 29 mil, enquanto o governo federal arcaria com o montante de R$ 200 mil.

Felipe de Andrade

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Ampec realiza cerimônia de posse da sua 1ª diretoria

Visando as atuais e futuras exigências do mercado, o empresariado condadense busca evoluir

A cerimônia de posse da primeira Diretoria da Associação dos Micro e Pequenos Empresários do Condado – Ampec, foi realizada no salão paroquial da Igreja Nossa Senhora das Dores, no dia 22 de novembro. A ocasião serviu para que os associados anunciassem á sociedade condadense os principais valores e objetivos da instituição empresarial fundada desde seis de setembro.

Estiveram presentes no evento o prefeito do município do Condado, Edberto Quental, a gerente geral do Banco do Nordeste, Maria do Socorro Tito Rocha, o promotor de Justiça, José Herbert Ramalho, o pároco da cidade, Elias Roque, entre outras autoridades.

Durante a cerimônia todos os diretores da Ampec, afirmaram ter compromisso com a qualidade do serviço prestado, com a preservação do meio ambiente e capacitação continuada dos empregados e empresários condadenses.

O presidente da associação, Diógenes Alex Pessoa, acredita que o futuro para o empresariado de Condado exige uma maior união por parte de todos. “É preciso estarmos preparados para as novas possibilidades que serão criadas na região. Porém somente juntos teremos força na concorrência com os outros municípios. Por isso, agradeço desde já a todos os associados que viram na Ampec uma nova forma de se fortalecer; aproveito para convidar os empresários que ainda não se uniram a nós,para que se cadastrem nesta associação, pois eles só obterão ganhos com isso”, afirmou o presidente.

A visão de futuro da Ampec engloba um pensamento muito recorrente e indispensável nos dias de hoje, que é o cuidado com a natureza. Para a diretora de Preservação do Meio Ambiente, Clarice Paixão de Albuquerque, a sua diretoria chegou a causar espanto para alguns, devido ao desconhecimento do quão importante é para uma associação empresarial ter consciência ambiental. “Muitos até estranharam a criação da minha diretoria. Mas, o fato é que o comércio produz muito lixo e esse é um problema que não podemos simplesmente ignorar”, alertou Clarice.

Os objetivos da associação são ambiciosos. O consultor em gestão de negócios da Ampec, Valmir Mendes de Carvalho, entende que os resultados virão apenas se as ações a serem realizadas forem muito bem planejadas. “Não pensamos pequeno. Tivemos mais de dois meses desde a fundação para empossarmos a primeira diretoria. Todo esse tempo foi utilizado para capacitar os nossos diretores. Em 2016 queremos ser líderes na gestão de negócios de toda a região. Iremos buscar fazer tudo corretamente, respeitando a sociedade e as instituições. Nossa principal meta é nos capacitar continuamente, só assim atingiremos nossos objetivos”, afirmou Valmir.

Para a gerente geral do Banco do Nordeste, Maria do Socorro Tito Rocha, as micro e pequenas empresas são a base do desenvolvimento da economia local. “Este empresariado é quem emprega a maior parte da mão de obra de toda Mata Norte. Então, é do interesse do Banco do Nordeste que a Ampec tenha sucesso. Eu coloco muita fé nesse segmento e esperamos ser parceiros. Nós temos linhas de crédito com juros de 1,5%, bastante compatíveis com a realidade do comércio condadense”, enfatizou a gerente.

O prefeito do Condado, Edberto Quental, vê na criação da Ampec um sentido inovador e criativo. “A visão de futuro que esses empresários estão tendo é muito louvável. Eles perceberam que sozinhos não teriam forças para competir lá fora. Assim, entenderam que era preciso criar algo que lhes desse mais representatividade. E, não poderiam ter sido mais felizes do que estão sendo ao tomarem a iniciativa de se associarem. Com essa união é que podemos crescer enquanto cidade”, salientou o prefeito.

Felipe de Andrade

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Marisqueiras: Trabalho desumano


(Matéria especial - Edição nº 2 - de 15 a 31 de agosto de 2007)

Marisqueiras: trabalho e vida dura

Com olhos vermelhos por causa da fumaça, peles castigadas pelo sol em demasia e corpos arqueados pelos repetitivos movimentos de se baixar e levantar que a lida do marisco as obriga, cerca de vinte e cinco mulheres do distrito de Povoação de São Lourenço, em Goiana, são expostas a um duro regime de trabalho, chegando à carga horária de mais de 12 horas por dia, sem direito a nenhuma folga por semana.

Por volta das cinco horas da manhã as marisqueiras - como são chamadas - já se encontram em suas canoas navegando nas águas do rio Megaó até chegarem à praia de Canoé, em Carne de Vaca, ou em Croa do Siri, praia próxima a Acaú - PB, onde catam os mariscos como quem busca, pouco a pouco, a sobrevivência de suas famílias. Após este processo, as mulheres voltam para suas canoas e remam de volta à Povoação de São Lourenço, onde fervem em fogueiras improvisadas os frutos do mar, e fazem todo o minucioso trabalho de extrair a carne do crustáceo.

As condições de trabalho são péssimas, a fumaça faz com que os olhos ardam e lacrimejem insuportavelmente para os que não são acostumados com o árduo cotidiano dessas guerreiras. Para a senhora Maria Iracema, de 49 anos, todas as marisqueiras são acostumadas com a incessante nuvem de fumaça. “Isso é pouca coisa para nós. Eu mesma aprendi essa profissão com a minha mãe e ela aprendeu com minha avó. Sei bem que a hora que mais sofremos é quando vamos nos deitar com os corpos exaustos, aí sim, os olhos começam a arder. Eu que já tenho problema na vista, fico noites sem dormir por conta disso”, desabafa.

Dona Maria Iracema trabalha na lida com o marisco há mais de vinte anos. Ela mora com sua filha, 14 anos, que também lhe ajuda na atividade. A vida de dona Iracema sempre foi muito sofrida, por isso só estudou até a 2ª série. “O meu maior sonho era aprender a ler e escrever. Admiro muito as pessoas que são estudadas, infelizmente não tive a oportunidade de concluir meus estudos, por conta do trabalho”, afirma.

O que motiva as mulheres da região a trabalhar, desde cedo, catando, debulhando e vendendo mariscos é a falta de outras atividades que possam gerar renda para a subsistência diária. A jovem G. K., 17 anos, mãe de um menino de 1, é um bom exemplo disso. “Comecei a catar mariscos porque não tem trabalho, então essa é nossa única alternativa para sustentar nossa casa. Ninguém vem aqui para nos ajudar, só aparecem em época de campanha política e depois somem”, acrescenta a marisqueira.

Essas mulheres ganham em média R$ 120,00 por mês. No inverno o kg da carne varia entre R$ 1,50 e 2,00 e no verão chega a R$ 3,00. Existem as marisqueiras que têm compradores certos para toda a produção da semana que chega a ser de 25 kg. Outras não têm a mesma sorte, se deslocam para a feira livre de Ponta de Pedras, para tentar vender a varejo.

De acordo com Rita de Cássia, 21 anos, uma das alternativas para melhorar a qualidade de vida das marisqueiras seria a criação de uma cooperativa para facilitar a comercialização da carne do crustáceo e, com isso, agregar valores ao produto.

A representante da Coordenadoria da Mulher de Goiana, Sandra Rodrigues, declarou que desconhecia, até então, a existência deste grupo na Povoação de São Lourenço, muito embora a coordenadoria esteja ligada à Secretaria de Políticas Sociais do município, a qual também deve prestar serviços em toda a área de Goiana, inclusive, nos distritos. A coordenadora se comprometeu em se reunir com as marisqueiras para saber quais as suas maiores necessidades. “Iremos até lá para saber o que é preciso para melhorar a situação dessas mulheres. Só a partir daí podemos fazer um planejamento ou ações imediatas para o auxílio delas, seja uma associação ou uma cooperativa”.

Felipe de Andrade

domingo, 2 de dezembro de 2007

Alto Falante (8ª edição)


Quem não se comunica, se trumbica!

Goiana é uma cidade que tem uma forte ligação com a história da comunicação. Por isso mesmo, um lugar acostumado à informação e à rapidez com que ela é propagada, seja pelos jornais que por aqui circulam ou pelas rádios locais - os mais rápidos meios de informação e os que têm o maior alcance, além de possuírem uma programação de 24 horas no ar. Então, não é desprezível o poder que essas ferramentas possuem no papel de formar opinião, confrontar idéias, trazer entretenimento e interação efetiva com a comunidade. E neste último quesito as rádios locais o fazem muito bem.
Diariamente programas ao vivo flagram e denunciam as mazelas que acometem nossa cidade, permitindo ao cidadão o direito de expressar as suas opiniões e questionamentos sobre os mais variados temas. Se quisermos propagar idéias e inaugurarmos um novo tempo para a cultura, a educação e a cidadania do nosso povo, estamos muito bem equipados com três rádios e dois jornais impressos.
Contudo, as emissoras locais, apesar de terem uma identificação popular, ainda não investem na produção cultural goianense. Se na sua grade de programação fosse inserida com ênfase a cultura local, sem a pressa de uma resposta rápida dos seus ouvintes, gradativamente criaríamos um mercado que valorizaria a nossa cultura. Ora, o povo para se entender cidadão consciente de seu papel, precisa também assimilar sua identidade e isso se faz valorizando a produção desenvolvida no município. Pois só assim o que é aldeia passa a ter um caráter universal; a estética que se tem aqui não se tem em nenhum outro lugar, isso é uma particularidade e um diferencial.
Embora algumas iniciativas genuínas tenham ocorrido, por razões comerciais naufragaram. Foi o caso do programa vinculado à Rádio Comunitária Boas Novas FM, intitulado Balacubaco que visava trazer para os ouvintes a música de Goiana e de Pernambuco. Mas, infelizmente teve uma vida curta. As emissoras comerciais também divulgam alguns artistas da cena local, porém, estes são esmagados pelo apelo comercial dos artistas da moda, que representam o interesse de poderosas gravadoras e esquemas do show bussines.
Temos a consciência de que uma rádio possui sua necessidade de patrocínio comercial, para continuar em atividade. Porém, é possível a construção de um equilíbrio baseado no caminho do meio. Ou, talvez, tenhamos que buscar inspiração no movimento deflagrado na Europa, durante a década de setenta, chamado de “Rádios Livres”, que não tinham fins comerciais, nem lucrativos e visavam difundir a liberdade de expressão e a cultura. Este movimento deu origem às rádios comunitárias de hoje.

Luiz Duarte


"Osso duro de roer"

(Editorial nº7)

O filme Tropa de Elite, fenômeno de mídia, vem despertando em vários segmentos da sociedade brasileira dois questionamentos. O primeiro, e mais óbvio, é até quando seremos o país da impunidade, do crime e das barbáries? O segundo nos remete a um passado não muito distante: será mesmo que a liberdade de expressão é entendida e respeitada por algumas autoridades?

A questão que envolve a violência, pode até aparentar certa dose de glamurização do crime para os mais apressados. Fato é que a marginalidade apresentada em Tropa de Elite em nada embeleza a animalesca realidade vivenciada nos guetos das nossas cidades. Ao contrário de filmes americanos, e, até mesmo, do premiado e tupiniquim Cidade de Deus, que usaram, alguns mais e outros menos, de maquiagem para dar um falso brilho às vidas de personagens envolvidos na bandidagem.

Até quando o Brasil irá apresentar altos índices de criminalidade? Está aí uma pergunta a ser feita para a classe política deste país de mensaleiros e escândalos intermináveis. Porém, o questionamento que o filme provoca no brasileiro, seja ele civil ou militar, é mais do que salutar.

Já o segundo questionamento, não levantado pelo filme, mas, sim, pela cúpula da Polícia militar fluminense, é um tanto nostálgico e absurdo. O diretor do filme, José Padilha, foi intimado a prestar depoimento para dar esclarecimentos sobre a suposta participação de oficiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na ficção. Caso ele se recuse a ir, poderá até ser preso.

Seria a liberdade de expressão no Brasil algo limitado apenas às cenas de sexo, em horário nobre, nas novelas melodramáticas das poucas emissoras de televisão aberta?

Felipe Emiliano de Andrade

Gênesis - O 1º Editorial



Jornalismo segue linha democrática para melhor difundir a informação.


O Jornal A Cidade é um veículo informativo que visa o fortalecimento da cidadania através da democratização da noticia, com uma postura imparcial em relação aos fatos.

Mostrar os mais variados ângulos dos acontecimentos e deixar o leitor com o papel fundamental do julgamento é nossa maior preocupação, pois entendemos que a verdade só pode ser preservada quando não apresentamos qualquer tipo de envolvimento com os acontecimentos.

Com uma linguagem simples e acessível, queremos deixar toda a população a par das ocorrências relevantes que se desdobram no nosso cotidiano, sem panfletagem ou engajamentos políticos. Pretendemos contribuir, de maneira positiva, na construção de um novo órgão de imprensa para Goiana com o propósito de documentar todos os quadrantes do nosso município e de cidades vizinhas.

Levaremos conosco a mensagem de todos os nossos parceiros, que são fomentadores deste empreendimento que está pautado não apenas no que foi acima citado, mas no estreito relacionamento com os mais diversos setores da comunidade local e também da região.

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